quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TTT> A dificuldade de prever o sucesso de uma inovação

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Uma potencial barreira para inovação, especialmente em grandes corporações, é o desperdício de tempo e recursos em idéias que todo mundo sabe que vão dar errado. E não estou falando em idéias corajosas que quebram paradigmas, estou falando daquele lançamento furado que alguém convenceu o CEO que foi um sucesso num país qualquer da Europa e que vc é obrigado a lançar com uma campanha de marketing mal e porcamente dublada e daí a 6 meses tirar o produto de linha. Pensem quantas vezes não viram isto acontecer ...
Estes recursos seriam muito melhor aplicados para executar as boas idéias que também todo mundo conhece com uma mentalidade de venture capital, testa-se várias idéias com bom potencial e avalia-se frequentemente para desisir o mais cedo possível das que não vingarem e colher os frutos das que foram apostas certeiras.

Sobre a questão de aumentar a chance de sucesso das inovações gostaria de mencionar um treinamento que assisti recentemente com Chris Trimble, que escreveu juntamente com Vijay Govindarajan o livro Ten Rules For Strategic Innovators: From Idea To Execution. Ele tem uma abordagem bem interessante sobre o tema e mostra caminhos e exemplos de como criar um modelo organizacional que alimente a inovação enquanto garante a execução do dia a dia.

Algumas de suas idéias:
- grandes empresas bem sucedidas tornam- se "Performance machines", que são feitas para gerar repetidamente bons resultados com maior previsibilidade possível. Isto é ótimo e necessário, mas é um péssimo ambiente para gerar inovação. Quanto melhor ela for no que faz, maior será a queda quando uma grande quebra de paradigma acontecer (ex. Empresas de trem e navios líderes de transporte de passageiros antes da chegada do avião)

- Inovação tem muito mais a ver com execução do que boas idéias, estas com certeza já existem aos montes dentro da organização. Os responsáveis por inovação tem que ser medidos e ter resultados tangíveis, mas bem diferentes dos responsáveis por tocar o dia a dia, não é "NO metrics, NO rules" é "NEW metrics, NEW rules"

- O time de inovação tem que emprestar alguns ativos fundamentais da empresa mãe (exemplos: marca, capacidade de produção, relação com clientes, presença em mercados globais, etc). Ao mesmo tempo tem que se desvencilhar de aspectos que podem amarrar a inovação, ele cita até políticas de RH e IT. Será q as políticas-padrão permitem que vc contrate rapidamente toda uma equipe, que eles tenham perfil bem diferente (oposto?) do típico funcionário da empresa, que trabalhem com um monte de Macs e acessem sites de relacionamento 24h por dia ? As políticas fazem todo sentido para a performance machine, mas talvez te impeçam de montar o time que vai executar aquela grande inovação.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

TTT>Quem ganha quando um iPhone é vendido?

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Eu acho que estamos colocando muita importância no fator cadeia de suprimento quando na verdade o que interessa mesmo é ter um bom produto, e digo produto em todas as suas dimensões: tecnologia, design, relevância para o consumidor, distribuição, preço, cadeia de suprimento, qualidade, assistência técnica, publicidade, lançamento de novas versões, etc. Com certeza é difícil acertar em tudo mas se o produto for excepcional em alguns critérios e não decepcionar na maioria teremos um sucesso.
Ex 1. Bombril: como pode uma categoria como palha de aço ser tão relevante na cabeça da consumidora ? Marketing excepcional e não decepciona no resto.
Ex 2. Hyundai, boa tecnologia e baixo preço leva a um excepcional custo-benefício, LG é o mesmo caso.

Eu sou um cético por natureza e questionei a princípio tanto o Iphone quanto o Kindle. Ao testar um Iphone pela primeira vez achei fantástico "Porque não pensaram nisso antes ? E custa só $399 ? Quero um !". Ao testar o Kindle até me surpreendi porque minha expectativa era muito baixa "É 10x melhor do que pensei, mas porque eu compraria ? Custa $399 ? Nem se fosse $99!". Não acho que o Kindle seja uma má idéia, é uma tecnologia ainda nova que pode melhorar muito e render bilhões no futuro, mas simplesmente ainda não chegou lá. Não é um bom produto no conceito amplo do termo.

Um último comentário sobre Iphone vs Kindle, se por um lado o primeiro criou uma necessidade nova, o que realmente não é fácil, o Kindle se propõe a uma tarefa muito mais difícil que é substituir um produto de sucesso com mais de 500 anos de mercado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

TTT> Pequenas empresas podem abater gigantes?

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Outro exemplo clássico é a Gol Linhas Aéreas, que começou do zero e em poucos anos alcançou a liderança de mercado adquirindo a antiga líder. Eu voei Gol em sua primeira semana de funcionamento e fiquei impressionado, era um modelo muito diferente do que estávamos acostumados com Varig, Vasp, Transbrasil, etc. Rapidamente atingiram uma boa qualidade de serviço a um preço bastante atrativo.

A Gol tomou vantagem de montar uma empresa do zero usando as melhores tecnologias e modelos de negócio disponíveis no momento como aviões eficientes e num único modelo, moderno sistema de roteirização para otimizar uso das aeroneves, eliminação de bilhetes de passagem, compras pela internet, vôos noturnos para maximizar o uso dos ativos, etc. Seus concorrentes simplesmente não tinham condição de acompanhar pois eram gigantes embasados em metodologias que eram inovadoras décadas atrás mas que agora implicariam num alto custo de mudança, fora as barreiras culturais.

Porém após tornar-se líder a própria Gol caiu nas armadilhas dos gigantes, fugiu de seu modelo orginal e enfrentou problemas, mas isso é assunto para outro momento ... (em tempo, comprei ações da Gol nos bons tempos a R$ 60 e hoje valem R$ 19, se um dia o Constantino quiser fechar o capital da empresa terá que recomprar minhas ações em cash e por R$ 80, caso contrário manterei firme minha posição acionária com 0.00000000001% da empresa !!)

Mais um exemplo nesta linha é a rede de supermercados Prezunic no RJ, que também entrou num mercado dominado por gigantes antiquados e ineficientes e construiu uma estrutura bem enxuta e moderna. Lembro-me de um dos diretores comentando que adquiriu o software de gerenciamento do centro de distribuição antes de construir o prédio físico, num mercado em que geralmente os depósitos de mercadoria eram gerenciados no papel de pão, por pessoas usando chinelo de dedos e ratos passeando livremente ...
Estou fora deste mercado há algum tempo e não sei como está o Prezunic hoje, talvez algum colega do TTT que trabalhe com bens de consumo possa elaborar mais sobre este caso.