terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Empreendedorismo na universidade !! ... em Oxford

Tenho um amigo fazendo MBA em Oxford que comentou sobre uma iniciativa bem interessante deles de estímulo ao empreendedorismo.

Reza a lenda que certa vez um grande empresário estava proferindo uma palestra sobre empreendorismo para os alunos do MBA. Em meio a apresentação foi desafiado por alguém da platéia a sair das palavras e partir para ação financiando as idéias promissoras dos estudantes. O fim da história diz que ele aceitou e aportou 500 mil libras, a universidade mais 500 e criaram um fundo de venture capital focado nos estudantes da instituição.

Não sei se a história é exatamente essa, mas o fato é que o fundo existe e está em pleno funcionamento, confira em http://www.sbs.ox.ac.uk/centres/entrepreneurship/venturecreation

Acho esta iniciativa fantástica, onde todos tem a ganhar:

- os alunos do MBA que fazem parte do comitê seletivo tem oportunidade de analisar inúmeras empresas, adquirindo uma experiência riquíssima que os qualifica para empreender no futuro ou mesmo montar seus proprios fundos;

- os candidatos selecionados não só ganham o financiamento deste fundo mas também a chancela de aprovação de Oxford, o que gera credibilidade junto a clientes, fornecedores e também outros potenciais parceiros capitalistas. É comum conseguirem levantar o dobro do que receberam do fundo;

- e naturalmente a universidade e o capitalista suportando o fundo também ganham, pois partindo do princípio que Oxford é um centro de excelência que atrai a nata dos executivos globalmente é de se esperar que o retorno sobre investimento de um fundo gerido por eles seja bem interessante.

Sei que no Brasil temos várias iniciativas de financiamento a empreendedores na universidade, mas geralmente suportados pelo governo e bastante focados em pesquisa básica. Acredito que com a consolidação da estabilidade econômica e a grande expectativa de crescimento para o futuro, já é hora de começar a ter iniciativas semelhantes a de Oxford. Segundo outro amigo isso vai acontecer quando o juro real ficar abaixo de 4%, mais que isso não valeria o risco, vamos aguardar ...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O fim do petróleo

Geralmente nem leio artigos sobre o fim do petróleo, primeiro porque nunca concordo com posições alarmistas em geral, segundo porque sempre tem alguma teoria da conspiração envolvida que eu também abomino, e terceiro porque tenho algum conhecimento na área que me faz ter uma opinião formada de que isso não será um problema durante nossas carreiras (nem nossas vidas ...)

Mesmo com todos estes pré-conceitos resolvi ler o artigo da Anita McGahan, "Confronting the World’s Most Important Strategic Challenges:The End of Oil" e gostei muito!

Ela tem uma postura muito realista sobre o tema, mostrando com dados bem embasados que um eventual esgotamento do petróleo pode demorar até 100 anos. Ela aborda o problema do ponto de vista do planejamento estratégico e discorre sobre pontos de vista pouco usuais como o impacto na medicina e produção de alimentos.

O objetivo dela no artigo é "... to inspire the next generation of leaders to anticipate these challenges and to lead through them." No meu caso ela conseguiu!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TTT> A dificuldade de prever o sucesso de uma inovação

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Uma potencial barreira para inovação, especialmente em grandes corporações, é o desperdício de tempo e recursos em idéias que todo mundo sabe que vão dar errado. E não estou falando em idéias corajosas que quebram paradigmas, estou falando daquele lançamento furado que alguém convenceu o CEO que foi um sucesso num país qualquer da Europa e que vc é obrigado a lançar com uma campanha de marketing mal e porcamente dublada e daí a 6 meses tirar o produto de linha. Pensem quantas vezes não viram isto acontecer ...
Estes recursos seriam muito melhor aplicados para executar as boas idéias que também todo mundo conhece com uma mentalidade de venture capital, testa-se várias idéias com bom potencial e avalia-se frequentemente para desisir o mais cedo possível das que não vingarem e colher os frutos das que foram apostas certeiras.

Sobre a questão de aumentar a chance de sucesso das inovações gostaria de mencionar um treinamento que assisti recentemente com Chris Trimble, que escreveu juntamente com Vijay Govindarajan o livro Ten Rules For Strategic Innovators: From Idea To Execution. Ele tem uma abordagem bem interessante sobre o tema e mostra caminhos e exemplos de como criar um modelo organizacional que alimente a inovação enquanto garante a execução do dia a dia.

Algumas de suas idéias:
- grandes empresas bem sucedidas tornam- se "Performance machines", que são feitas para gerar repetidamente bons resultados com maior previsibilidade possível. Isto é ótimo e necessário, mas é um péssimo ambiente para gerar inovação. Quanto melhor ela for no que faz, maior será a queda quando uma grande quebra de paradigma acontecer (ex. Empresas de trem e navios líderes de transporte de passageiros antes da chegada do avião)

- Inovação tem muito mais a ver com execução do que boas idéias, estas com certeza já existem aos montes dentro da organização. Os responsáveis por inovação tem que ser medidos e ter resultados tangíveis, mas bem diferentes dos responsáveis por tocar o dia a dia, não é "NO metrics, NO rules" é "NEW metrics, NEW rules"

- O time de inovação tem que emprestar alguns ativos fundamentais da empresa mãe (exemplos: marca, capacidade de produção, relação com clientes, presença em mercados globais, etc). Ao mesmo tempo tem que se desvencilhar de aspectos que podem amarrar a inovação, ele cita até políticas de RH e IT. Será q as políticas-padrão permitem que vc contrate rapidamente toda uma equipe, que eles tenham perfil bem diferente (oposto?) do típico funcionário da empresa, que trabalhem com um monte de Macs e acessem sites de relacionamento 24h por dia ? As políticas fazem todo sentido para a performance machine, mas talvez te impeçam de montar o time que vai executar aquela grande inovação.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

TTT>Quem ganha quando um iPhone é vendido?

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Eu acho que estamos colocando muita importância no fator cadeia de suprimento quando na verdade o que interessa mesmo é ter um bom produto, e digo produto em todas as suas dimensões: tecnologia, design, relevância para o consumidor, distribuição, preço, cadeia de suprimento, qualidade, assistência técnica, publicidade, lançamento de novas versões, etc. Com certeza é difícil acertar em tudo mas se o produto for excepcional em alguns critérios e não decepcionar na maioria teremos um sucesso.
Ex 1. Bombril: como pode uma categoria como palha de aço ser tão relevante na cabeça da consumidora ? Marketing excepcional e não decepciona no resto.
Ex 2. Hyundai, boa tecnologia e baixo preço leva a um excepcional custo-benefício, LG é o mesmo caso.

Eu sou um cético por natureza e questionei a princípio tanto o Iphone quanto o Kindle. Ao testar um Iphone pela primeira vez achei fantástico "Porque não pensaram nisso antes ? E custa só $399 ? Quero um !". Ao testar o Kindle até me surpreendi porque minha expectativa era muito baixa "É 10x melhor do que pensei, mas porque eu compraria ? Custa $399 ? Nem se fosse $99!". Não acho que o Kindle seja uma má idéia, é uma tecnologia ainda nova que pode melhorar muito e render bilhões no futuro, mas simplesmente ainda não chegou lá. Não é um bom produto no conceito amplo do termo.

Um último comentário sobre Iphone vs Kindle, se por um lado o primeiro criou uma necessidade nova, o que realmente não é fácil, o Kindle se propõe a uma tarefa muito mais difícil que é substituir um produto de sucesso com mais de 500 anos de mercado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

TTT> Pequenas empresas podem abater gigantes?

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Outro exemplo clássico é a Gol Linhas Aéreas, que começou do zero e em poucos anos alcançou a liderança de mercado adquirindo a antiga líder. Eu voei Gol em sua primeira semana de funcionamento e fiquei impressionado, era um modelo muito diferente do que estávamos acostumados com Varig, Vasp, Transbrasil, etc. Rapidamente atingiram uma boa qualidade de serviço a um preço bastante atrativo.

A Gol tomou vantagem de montar uma empresa do zero usando as melhores tecnologias e modelos de negócio disponíveis no momento como aviões eficientes e num único modelo, moderno sistema de roteirização para otimizar uso das aeroneves, eliminação de bilhetes de passagem, compras pela internet, vôos noturnos para maximizar o uso dos ativos, etc. Seus concorrentes simplesmente não tinham condição de acompanhar pois eram gigantes embasados em metodologias que eram inovadoras décadas atrás mas que agora implicariam num alto custo de mudança, fora as barreiras culturais.

Porém após tornar-se líder a própria Gol caiu nas armadilhas dos gigantes, fugiu de seu modelo orginal e enfrentou problemas, mas isso é assunto para outro momento ... (em tempo, comprei ações da Gol nos bons tempos a R$ 60 e hoje valem R$ 19, se um dia o Constantino quiser fechar o capital da empresa terá que recomprar minhas ações em cash e por R$ 80, caso contrário manterei firme minha posição acionária com 0.00000000001% da empresa !!)

Mais um exemplo nesta linha é a rede de supermercados Prezunic no RJ, que também entrou num mercado dominado por gigantes antiquados e ineficientes e construiu uma estrutura bem enxuta e moderna. Lembro-me de um dos diretores comentando que adquiriu o software de gerenciamento do centro de distribuição antes de construir o prédio físico, num mercado em que geralmente os depósitos de mercadoria eram gerenciados no papel de pão, por pessoas usando chinelo de dedos e ratos passeando livremente ...
Estou fora deste mercado há algum tempo e não sei como está o Prezunic hoje, talvez algum colega do TTT que trabalhe com bens de consumo possa elaborar mais sobre este caso.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

TTT> Os primeiros 100 dias determinam seu sucesso

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Concordo que são muito importantes os primeiros 100 dias, ou primeiros 3 meses como prefiro pensar já que correspondem a 3 fechamentos e 1 quarter que são ciclos-chave na maior parte das empresas.
Acho que o profissional tem que ter a maturidade e tranquilidade para entender que durante a primeira semana ou até o primeiro mês ficará bastante perdido. Mas ao mesmo tempo tem que perceber uma evolução constante e já se sentir mais situado em 3 meses, nem que seja para ter um bom entendimento do que ainda não sabe e onde precisa focar para aprender mais.

O grande aprendizado que eu tive sobre este assunto é que os primeiros 3 meses são muito importantes, mas é apenas o começo, já enfrentei uma situação em que tive um início fantástico e achei que o jogo já estava ganho, e depois enfrentei muitas dificuldades ao longo de um ano. Hoje não tiro o olho da bola e considero o sucesso passado apenas mais uma etapa cumprida, e não a garantia de sucesso no futuro.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TTT> Como será o Brasil em 2030?

-- Postado no site ToTheTop - www.tothetop.com.br --

Gostaria de dar duas perspectivas na área de energia, mais precisamente no segmento de petróleo e gás.

O lado otimista é a exploração das reservas do pré-sal, vejo muita coisa sendo dita sobre este assunto, com exagero nas boas e más notícias, mas como profissional da área minha opinião é que a oportunidade é real. Os desafios técnicos existem mas não temos razão para acreditar que não serão resolvidos nos próximos 5 anos, sendo que já temos TLDs (Testes de longa duração) produzindo. A exploração é viável financeiramente com o barril entre 30 e 60 dólares dependendo da fonte, sendo que o petróleo está cotado a U$70 hoje com tendência de alta para os próximos anos. Existem projetos em andamento HOJE para a produção, por exemplo os 8 cascos de FPSOs no valor de US$ 4 bi cujo resultado do bid deve sair ainda este mês; e também projetos para refino do óleo que será produzido, empresas do setor estão vendendo milhões HOJE para os projetos da RNEST e COMPERJ. Acredito que o Brasil tem potencial e condições de dobrar a produção e refino e ser um player importante e exportador de petróleo em 2030.

Por outro lado ... A minha grande dúvida é qual será a importância do petróleo na matriz energética mundial no futuro, estamos num momento de muita instabilidade hoje, com mudanças de posição impensáveis no passado. Para exemplificar temos ambientalistas defendendo energia nuclear, os EUA (ou pelo menos o Obama) focados em fontes renováveis, céticos e defensores fervorosos do aquecimento global, questionamentos sobre se os biocombustíveis são tão verdes assim ao olharmos todo o ciclo de vida, novas fontes como a geotermal, etc. Creio que passaremos por um período de acomodação nos próximos 5 anos pelo menos antes de ter visibilidade de quais apostas tem mais probabilidade de ganhar.