sexta-feira, 18 de junho de 2010

Opções reais de carreira



Setembro de 2007, São Roque/SP. Estava com meus colegas da Johnson & Johnson passando a semana no Hotel Vila Rossa, assistindo a um interessante treinamento de negociação. A agenda terminava às sete da noite e ainda dava tempo de jogar um pouco de tênis antes do jantar. No caminho de volta para o quarto, após o jogo, recebo um telefonema de uma amiga, que trabalha no RH da GE, falando de uma vaga muito interessante que teria o meu perfil. Pensei: “Estou bem na Johnson, é uma ótima empresa, investe em seus funcionários, será que é hora de mudar para a GE ?”. Quase todo mês acompanho situação similar com algum conhecido meu.

Não vou abordar aqui os critérios de decisão para mudar ou não de emprego, este assunto merece um artigo específico. Além disso, tomei a liberdade de citar o nome das empresas porque ambas são excelentes e não faria sentido fazer comparações.

O que quero chamar a atenção é que em casos como este devemos considerar opções reais de carreira, e não teóricas. Como assim? No meu exemplo pessoal, após refletir um pouco sobre o assunto, percebi que na verdade eu achava que estava bem na Johnson, e no fundo eu tinha apenas um telefonema da GE e não uma proposta, sendo assim a decisão entre ficar e sair era apenas teoria. Resolvi então transformar a teoria em prática, ou usando um termo emprestado do mercado financeiro, “realizar o valor” das minhas opções de carreira. Segui adiante no processo e felizmente descobri que estava certo. De fato acabei recebendo uma proposta da GE, e ao falar na Johnson que gostaria de sair me pediram para ficar. Agora sim eu tinha uma decisão importante, e real, a ser tomada.

Vejo muita gente se desgastando em demasia com dúvidas de carreira, mas muitas vezes são apenas questões teóricas. É importante sim refletir sobre as possibilidades, mas de tempos em tempos temos que dar o próximo passo para manter contato com a realidade.

Um ponto de atenção é tomar cuidado com participação em processos seletivos quando estamos satisfeitos em nossas empresas. Eu sou partidário de que é importante estar sempre atento e disposto a ouvir o mercado, mas só se for uma oportunidade realmente interessante, que exista uma chance real de você se interessar, e essas costumam aparecer no máximo uma vez por ano. Agora, se você não está satisfeito na empresa atual, não está motivado, não se sente reconhecido, não está produzindo e aprendendo, aí pode fazer entrevista toda semana se quiser, nem que seja para descobrir que não está tão mal assim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Como ser 1000 vezes mais eficiente

*publicado originalmente no Minha Carreira

Confesso que exagerei no título para chamar a atenção, não conheço um método mágico que aumenta milagrosamente a eficiência em 1000 vezes. O que abordo no texto são dicas simples de como ser mais produtivo no dia a. Pensei muitas vezes se deveria ou não escrever este artigo, afinal, é tudo muito óbvio. Mas quando observo que 80% das pessoas que conheço, em todos os níveis hierárquicos, não seguem estas dicas, achei que seria relevante.

1. Tenha uma agenda. Pode ser em papel, eletrônica, no notebook, Palm, iPhone, Blackberry, o que seja, o importante é que seja ideal para você. Para que funcione tem que ser um lugar único onde você anota todos os seus compromissos e que você acesse todos os dias. Pela minha experiência, a agenda ideal deve ser eletrônica, portátil e sincronizada com outro dispositivo. Este último ponto significa que você sempre mantém uma cópia do conteúdo em outro lugar, geralmente seu computador ou notebook. Alguns smart phones fazem isso automaticamente, em outros casos a sincronização é manual via cabo, infravermelho ou Bluetooh. Apesar da minha preferência acho perfeitamente possível que alguém possa ter uma boa agenda em papel se for disciplinado.

2. Use sua agenda. Todo compromisso e contato importante deve estar anotado na agenda, por isso ela tem que estar sempre à mão. Se ela for eletrônica e com sincronização como recomendei você nunca perde os dados, só vai acumulando com o tempo. Uma vez que você anota o aniversário de alguém nunca mais vai esquecer de dar os parabéns; ano passado visitei um cliente em Niterói e descobri um bom rádio-taxi para me levar ao Santos Dumont, está anotado para quando precisar de novo; quinta-feira da próxima semana tenho uma reunião importante com minha chefe, já tinha programado um lembrete hoje para que eu comece a me planejar. Notem que em nenhum destes exemplos gastei tempo adicional para me organizar, é apenas uma questão de anotar no lugar certo uma única vez, aí você usa a informação quando e se precisar.

3. Planeje suas atividades antes de executá-las. Já esteve numa reunião improdutiva ? Visitou um cliente e ninguém sabia direito o que falar ? Podemos aumentar enormemente a produtividade em nossas atividades se tomarmos apenas 10 minutos para planejar antes, nada de muito complexo, basta refletir um pouco sobre o assunto. Quem estará presente ? Qual o objetivo ? Qual o papel de cada um ? Olhou o endereço no Google Maps ? Qual o número e código da teleconferência ? Testou o datashow antes ?

4. Defina sempre próximos passos e responsáveis. É muito comum reclamar que participamos de uma monte de reuniões e nada acontece, ou após uma sessão de brainstorm comentar que foram geradas várias boas idéias mas nenhum resultado prático. Sempre ao final de qualquer atividade reserve 10 minutos para resumir o que foi discutido e definir quais são os próximos passos, quem é o responsável e quando. Se o próximo passo for "Discutir em breve com a equipe de finanças da planta" não adianta nada. Tem que ser específico, tipo "O Renato Silva, gerente de custos da planta, apresentará um plano até o dia 15-Junho". Dica importante: pessoas executam tarefas. Quando alguém quer me convencer a deixar um próximo passo a cargo de um departamento ("a equipe de vendas") ou função ("o gerente de marketing de cada linha de produto") eu costumo brincar, "Qual o CPF do responsável ?", se não tiver resposta é porque não está muito claro.

6. Use seu tempo inútil para coisas úteis. Sabe aquelas atividades obrigatórias e chatas que todos temos que fazer ? Elaborar atas de reunião, fazer relatório de despesas, preencher formulários na internet para requisitar férias, responder pesquisas de opinião interna, etc. Você pode optar por simplesmente não fazer ou "deixar para depois". Se fizer isso será cobrado em cima da hora, vai parar tudo que está fazendo para resolver e reclamará que não tem tempo para nada porque vivem te pedindo para executar tarefas burocráticas. Ou você pode fazer isso naqueles momentos inúteis e improdutivos que sempre aparecem, por exemplo, sala de embarque em aeroporto, sala de espera de clientes, atrasos de outras pessoas para uma reunião. Às vezes você simplesmente está num dia ruim e não consegue fazer nada de muito complexo, é um bom momento para resolver estes assuntos operacionais que não exigem muito raciocínio.

7. Última dica. Tudo isso parece muito simples e fácil, mas pouca gente faz. Comece hoje e tenha um diferencial !

terça-feira, 27 de abril de 2010

Desafios ...

*publicado originalmente no Minha Carreira

"Busco uma posição desafiadora ...", "Estou saindo da empresa porque aceitei um desafio em outra companhia ...". Fala-se muito em desafios hoje em dia, mas o termo está banalizado. Segundo o mini dicionário Houaiss, "desafio. (...) 4. tarefa difícil", entretanto, se estamos falando de algo que já sabemos como resolver, só que é complexo ou trabalhoso, não classifico como desafio porque falta um ingrediente chave, o RISCO.


Particularmente, prefiro a versão completa do Houaiss, "desafio. (...) 4. ato de incitar alguém para que faça algo, ger. além de suas possibilidades 5. situação ou grande problema a ser vencido ou superado (...)". Minha interpretação é que desafio se refere a alguma coisa que seja "acima das nossas capacidades provadas até agora, porém temos razão para acreditar que somos capazes de superar, embora exista uma chance real de falharmos".


Desafios têm muito valor no mundo dos negócios. E por que isto é importante? A primeira razão é que enquanto enfrentamos o desafio o ritmo de aprendizado é intenso. Você melhora seu auto-conhecimento descobrindo habilidades que não imaginava e limites que não conhecia. Tudo isso é um prato cheio para o desenvolvimento profissional. A outra razão é que com certeza novos desafios virão, então quanto mais preparado estiver, melhor.


Também é valorizado aquele profissional que falhou num desafio, mas depois deu a volta por cima, aceitou e superou novos desafios. Quem passou por isso sabe reconhecer e respeitar um grande problema, não hesita em pedir ajuda no meio do caminho em vez de tentar manter uma imagem de infalível e dono da verdade.


Mas é realmente necessário ir atrás dos tais desafios? Será que não dá para levar a carreira navegando somente em águas calmas, evitando grandes mudanças e dando cada passo com muita segurança? Até dá, mas desse jeito você não explorará todo seu potencial e vai limitar seu crescimento. Isto não é um problema se estiver alinhado com seus objetivos. O que não pode é querer chegar ao topo levando sempre uma vida fácil e tranquila. Como diz o Evandro Mesquita "Todo mundo quer ir pro céu. Mas ninguém quer morrer."


A medida correta dos riscos a serem assumidos é uma decisão pessoal, mas vale ressaltar dois pontos importantes. Primeiro que não se pode viver o tempo todo enfrentando desafios. Da mesma forma que fazemos ao frequentar uma academia, também em nossa carreira devemos alternar os momentos de stress com intervalos de descanso para assimilarmos a evolução. E o segundo é que antes de aceitar o desafio deve-se analisar friamente se existe chance real de sucesso. Imagine que você tenha uma carreira sólida de 15 anos, dois filhos para criar e uma pequena reserva financeira. Se decidir de uma hora para outra largar tudo e ter seu negócio próprio numa área completamente diferente sem nenhum planejamento ou experiência prévia, isto não é um desafio, é loucura. Para cada milionário sorridente na capa da revista existem dezenas de outros frustrados tentando recuperar a vida que tinham. Encontre o balanço correto entre risco e recompensa de acordo com seus objetivos e momento de vida e boa sorte!


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mudou o chefe, e agora ?


Recentemente fiz umas contas e concluí que desde o início da minha carreira, como estagiário em 1997, até hoje, já tive 19 chefes diferentes. A média é de aproximadamente 1.5 chefes por ano! Podemos até dar um desconto porque várias vezes tive 2 chefes ao mesmo tempo, mas o exemplo é suficiente para demonstrar que mudança de chefe é regra e não exceção!

(Permitam-me abrir um parêntese sem nenhuma relação com o assunto. Eu tenho visto tanta gente de todos os níveis escrever a palavra "exceção" erradamente nos últimos anos, geralmente "excessão", que cheguei a ficar em dúvida sobre a grafia correta da dita cuja. Me tranquilizei após confirmar no dicionário que o correto é "exceção" conforme minhas suspeitas.)

Voltando ao tema da mudança de chefe .... já que é algo tão frequente no mundo dos negócios temos que estar preparados para estas transições, quer estejamos na posição de chefe ou de subordinado. Existem infinitos pontos a serem abordados sobre este assunto, mas pretendo focar apenas em uma ferramenta, que conheci no ano passado, e achei bem poderosa ainda que muito simples. Chama-se "New Manager Assimilation".

Em resumo é uma sessão de 2h, realizada assim que o novo chefe assume, onde a equipe tem a oportunidade de conhecê-lo melhor. Sei que parece bem banal, mas se executada corretamente traz alguns insights bem interessantes.

A sessão é coordenada por alguém de fora da equipe, geralmente o(a) gerente de RH, e se divide em quatro partes.

1. Abertura - O coordenador e o novo chefe explicam o processo, é importante que o líder recém-chegado reforce que está engajado nesta sessão e que espera bastante transparência de todos. Informam que durante a sessão vale a regra "What happens in Vegas, stay in Vegas", ou seja, ninguém deve comentar sobre quem falou o quê após o exercício.

2. Obter - O líder deixa a sala e o coordenador assume. Começa a conversa com a equipe com uma pergunta tranquila, "O que já sabemos sobre o novo chefe ?". Geralmente o grupo menciona informações leves e de domínio público, por exemplo: nasceu no RJ, trabalhou no concorrente no passado, gosta de jogar golfe, etc. A próxima pergunta é "O que não sabemos ?", aí já começa a aparecer uma mistura de questões leves (tem filhos ? é formado em que ?) com algumas mais provocativas (quais seus pontos fracos ? como lida com horário ? ouvi dizer que ele é muito duro com a equipe, etc). O processo vai seguindo, com todos ficando cada vez mais confortáveis em falar, e respondendo a mais 2 questões "O que gostaríamos que ele fizesse ?" e "Que preocupações temos com ele?". Para arrematar todos devem entregar um papel com uma pergunta anônima (apesar de valer a regra de "Vegas", não custa abrir mais esta chance ...)

3. Processar - a equipe faz uma pausa, e o coordenador se encontra a sós com o chefe para repassar as perguntas e discutir como abordar.

4. Transmitir - o novo líder volta para a sala e responde as perguntas da maneira mais transparente possível, aproveitando o momento para criar um diálogo com a nova equipe.

OBS: uma alternativa é fazer os passos 1 e 2 em um dia, e 3 e 4 no dia seguinte para dar mais tempo para reflexão.

De todos os meus 19 chefes só vi este processo acontecer com 2, e fiquei surpreendido com a quantidade de surpresas, positivas ou não, que surgem. E tenho certeza que para os chefes também foi muito enriquecedor porque conseguem de maneira concisa, logo no início em seu novo papel, uma visão abrangente que demoraria para se obter de outra forma. Da próxima vez que eu assumir uma nova equipe farei este exercício com certeza !

segunda-feira, 22 de março de 2010

Com que roupa eu vou ?

Li um artigo interessante no site Minha Carreira sobre como se vestir para trabalhar. Imediatamente lembrei-me de um texto do Max Geringher onde ele falava sobre adaptação a cultura das empresas e que se aplica bem a este ponto. Trata-se se uma recomendação feita há 1.620 por Santo Ambrósio, bispo de Milão, a Santo Agostinho: "Em Roma, faça como os romanos".

Traduzindo para o nosso exemplo significa que você deve entender e SEGUIR as regras de vestimenta da sua empresa, tanto as oficiais quanto as "não escritas". Para isso o caminho é perguntar e observar, e no caso de ter muita disparidade de estilos procure mirar-se nas pessoas que são mais bem sucedidas e bem vistas na empresa.

O início de carreira ou o começo numa empresa não é um bom momento para questionar as regras de convivência. Quando você estiver mais estabelecido e tiver uma oportunidade para tal pode questionar algo caso te incomode muito. E lembre-se que também no caso do vestuário balanço é fundamental. Com certeza é péssimo para sua imagem estar mal vestido e descuidado, porém se a sua empresa adota traje informal e você que é estagiário acha o máximo ir com seu terno Armani, também não pega muito bem.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Você vai ter um chefe mais novo

*publicado também no HSM Update or Die

Li recentemente um artigo publicado no blog da HSM que falava sobre a tendência crescente de de termos líderes mais jovens que suas equipes. Acho que este é um tema bem relevante.

Quando formamos opinião sobre profissionais é comum misturar experiência com anos de trabalho, mas isso depende muito da postura da pessoa. Enquanto uns podem estar no mercado há 5 anos aprendendo e se desenvolvendo, outros aprendem somente durante o primeiro ano e ficam mais 9 fazendo a mesma coisa. Também confunde-se maturidade com anos de idade. Conheço jovens de 22 anos com atitude que geralmente encontramos em pessoas acima de 30. O risco aí é esta mesma pessoa quando chegar aos 30 anos achar que não precisa mais evoluir.

Eu já estive na situação de liderar pessoas mais velhas, e tenho certeza que em algum momento serei liderado por alguém mais novo. Um aprendizado importante é que não se pode ignorar o fato, fingir que é a situação mais normal do mundo e não tem problema nenhum. O chefe mais jovem deve encarar como um desafio adicional lidar com esta questão da idade/experiência, e por outro lado a equipe mais velha tem que dar um voto de confiança. Se houver arrogância em excesso de qualquer lado a relação fica muito prejudicada.

O chefe jovem deve ter a coragem de assumir que não sabe tudo (afinal ninguém sabe ...), pedir ajuda e utilizar a experiência dos mais velhos. Mas também tem que entender muito bem suas qualidades e deixar claro o que tem para contribuir com a equipe. Ninguém gosta do chefe que sabe tudo e faz tudo, mas também não é legal aquele que não sabe nada e não faz nada. Todo mundo tem que agregar valor e mostrar a que veio, inclusive o chefe, e especialmente se a equipe é mais experiente com grande tendência de questionar o jovem líder.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Valorize seu currículo - parte 1



O primeiro passo para conseguir entrevistas de emprego é ter um ótimo currículo (CV, ou Curriculum Vitae, résumé, como preferir ...). Ele deve ser encarado como uma peça publicitária cujo objetivo é vender um produto, VOCÊ ! Funciona também como instrumento de planejamento de carreira, comparando seu CV atual com o que gostaria de ter é possível traçar um plano de desenvolvimento que vai te ajudar a atingir seus objetivos. Esta série de artigos traz orientações sobre como elaborar o melhor curriculum possível. Seguem as primeiras dicas:

1. Seja honesto. Ética é fundamental no mundo dos negócios, nunca em hipótese alguma use informações falsas. Se for descoberto, além de perder a vaga, ficará com a imagem manchada no mercado. Sem contar que pode passar por uma saia justa no futuro ao ser exigido em alguma habilidade que não tenha, como falar inglês numa reunião por exemplo.

2. Seja seletivo e valorize sua experiência. Note como são as campanhas de lançamento de apartamentos, se é caro não fala o preço, se é pequeno não fala o tamanho, se é longe não mostra o mapa. Em nenhum destes casos estão sendo anti-éticos, estão apenas valorizando as melhores características de seu produto para gerar interesse nos potenciais clientes. A decisão final de compra será tomada somente após uma visita onde todas as informações serão conhecidas, da mesma forma que uma oferta de emprego só surgirá após a entrevista onde você seguirá a regra #1 acima e responderá honestamente qualquer pergunta que surja. Ao descrever suas experiências profissionais não inclua detalhes desnecessários ou desfavoráveis, destaque os aprendizados mais importantes e sempre que possível cite nomes de empresas e instituições conhecidas no mercado. Alguns exemplos hipotéticos:

- Ficou 4 meses desempregado? Não precisa destacar isso. A melhor estratégia seria indicar a data de início e fim de suas ocupações com anos, em vez de dia/mês/ano (2002 a 2003, em vez de 1-Jan-02 a 15-Maio-03), desta forma não fica explícito se você ficou desalocado um período.

- Trabalhou numa pequena agência de publicidade desconhecida em Maceió ? Melhor destacar atuação numa campanha que tenha feito para a Petrobras do que para o maior supermercado da cidade, mesmo que a segunda tenha sido 10 vezes maior. Se a vaga pretendida for no Rio de Janeiro nem precisa citar no CV que a posição era em Maceió, a não ser que queira mostrar que conhece várias regiões do Brasil.

- Trabalhou num banco sem nenhum reporte direto, mas cuidava de um budget de R$ 100 milhões ? Destaque sua responsabilidade sobre um grande valor e caso supervisione indiretamente outras pessoas inclua esta informação para mostrar experiência em liderança.

3. Simplifique. O seu currículo não é uma biografia, não é necessário explicar em detalhes tudo que você já fez, deve-se fazer uma breve descrição da função e citar os resultados mais significativos. Cuidado para não usar termos e siglas que ninguém entende fora da sua empresa, use a linguagem de mercado. Algumas empresas adoram batizar seus departamentos com nomes como "Gestão de Gente" e "Desenvolvimento de Negócios de Clientes", porém o que as pessoas no mundo real entendem mesmo é "Recursos Humanos" e "Vendas". Para tirar a dúvida pergunte para alguém de outro segmento da indústria se entende seu currículo. Consolide informações similares, o importante é passar a mensagem principal, maiores esclarecimentos serão feitos na entrevista. Por exemplo se você foi analista de marketing para cartões de crédito pessoais e depois de 6 meses acumulou também cartões corporativos não precisa tratar como duas funções, escreva que ficou 1 ano como analista de marketing de cartões de crédito.

4. Atualize seu CV pelo menos a cada 6 meses, sem exceções! E de preferência com versões em português e inglês (dica: o tradutor do Google é gratuito e surpreendentemente bom). Reveja todas as seções, reescreva as descrições para que fiquem mais claras e concisas, acrescente suas novas responsabilidades e resultados. Se não tiver muito o que mudar a cada 6 meses, atenção!, pode ser que você não esteja evoluindo.

No próximo artigo tratarei sobre como escrever o seu curriculum na prática, abordando formatos, seções, modelos, etc. Se quiser minha opinião sobre seu CV deixe um comentário com seus dados e terei prazer em ajudar.


Colaborou Renato Pinto

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Comece HOJE para chegar lá daqui a 5 anos


Onde você se vê daqui a 5 anos ? Esta pergunta, que está na lista das mais batidas de qualquer entrevista de emprego, é extremamente importante e deve ser encarada com muita seriedade. O objetivo aqui não é discutir as melhores estratégias para entrevistas, tratarei disso em outro artigo, a idéia é encontrar a verdadeira resposta a esta pergunta para seu próprio desenvolvimento.

Ter um objetivo é essencial para nosso sucesso. Se em alguns momentos não parece tão importante é porque estamos numa situação em que os próximos passos são relativamente óbvios: entrou na faculdade e quer se formar, foi contratado e pretende ser promovido, mora de aluguel e deseja seu primeiro apartamento, casou e quer ter filhos, etc. A necessidade de reflexão sobre seus objetivos pessoais e profissionais geralmente fica mais explícita após o sucesso ou fracasso das metas anteriores.

Seguem algumas dicas para ajudar a responder onde você quer estar daqui a 5 anos e chegar lá.

1. Focar na vida pessoal ou profissional ? Embora seja tentador achar que temos várias vidas infelizmente isto não é verdade. Ao planejar seu futuro você tem que pensar na sua vida como um todo, em todas as dimensões.

2. O que você realmente gosta de fazer ? A pergunta é fácil, mas a resposta correta é difícil de descobrir, até porque muda com o tempo. Um exercício que ajuda é relembrar qual foi o momento da sua vida profissional em que você foi mais feliz. Talvez você nem ganhasse muito ou não tivesse status, mas por alguma razão estava muito satisfeito e motivado, porque isso acontecia ? Para complementar a análise pode lembrar também do seu pior momento. Outro exercício é pensar que você ganhou R$ 100 milhões na Mega Sena e vai continuar a trabalhar, o que você faria ? Que características desta atividade te atraem tanto ? Lembre-se que boa parte dos milionários do mundo continua trabalhando, e muito, eles entendem bem suas motivações.

3. Peça opinião externa. É essencial discutir com sua família, amigos e colegas de trabalho de sua confiança. Você abre seus horizontes, vê possibilidades em que não estava pensando, uma idéia se encaixa na outra e seu objetivo vai ficando cada vez mais claro.

4. Crie uma visão, literal, de onde você quer estar em 5 anos, que traduza da melhor forma as reflexões feitas. Ela tem que ser desafiadora, com um quê de impossível, mas ainda dentro da realidade. Vamos imaginar por exemplo 2 gerentes de produto de 30 anos, que trabalham na mesma multinacional em São Paulo e entregam bons resultados. Ao fazer este exercício um pode concluir que daqui a 5 anos quer continuar solteiro, morando em Nova York, como diretor global de uma marca e com um Porsche na garagem. O outro pode se ver morando em Florianópolis, com 2 filhos, tocando um negócio próprio com sua esposa e dando aulas de marketing na universidade federal.

5. Faça um plano. Comece com a sua visão daqui a 5 anos e faça um planejamento regressivo, passo a passo, até os dias de hoje. O objetivo é ter em linhas gerais as principais etapas a serem cumpridas e quando. O plano não precisa ser muito detalhado e de forma alguma é imutável, pelo contrário deve ser repensado e refinado continuamente. Em pouco tempo este plano já vai começar a influenciar suas decisões. O primeiro gerente acima por exemplo pode tentar buscar algum treinamento no escritório de Nova York ou até marcar uma visita informal em suas férias para criar um network lá. Já o segundo negociaria com seu chefe uma flexibilização de horário para começar um mestrado stricto sensu numa boa faculdade.

6. Esteja pronto para mudar seu plano. Este é um processo contínuo, que tem que ser sempre repensado e discutido. Sua empresa pode ser vendida, você pode ser demitido (ou promovido), pode se casar ou se separar, pode vir um filho inesperado ou a gravidez planejada não acontecer. Surpresas como esta acontecem a todo o tempo e podem forçar uma mudança no seu plano ou até no seu objetivo.

7. COMECE HOJE. Esta é a dica mais importante. O primeiro passo do plano geralmente não exige nenhuma decisão radical ou grande investimento, basta vencer a inércia e tomar uma atitute. Exemplos do que você pode começar HOJE incluem atualizar e traduzir seu CV, pesquisar opções de MBA ou mestrado, conversar com o proprietário da franquia da esquina sobre a vida de pequeno empresário, começar o plano de negócios da sua idéia empreendedora, escrever a primeira página de seu livro, etc. E mesmo o segundo passo também não necessariamente é sem volta, o exemplo da visita a Nova York ou o mestrado citados anteriormente continuam sendo interessantes e relevantes mesmo que você mude seus objetivos depois. O investimento inicial para um pequeno negócio pode ser comparável ao custo de uma viagem de férias para a Europa, porque não fazer a experiência ?

E aí ? O que você vai fazer HOJE para chegar onde quer daqui a 5 anos ?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Converse com seu CEO

*publicado também no HSM Update or Die

Esta semana o CEO da GE, Jeff Immelt, fez sua visita anual ao Brasil. Como de praxe reúne-se a empresa num auditório de hotel, mostra-se alguns vídeos, ele faz um discurso e depois vem a sessão de perguntas e respostas. Eu, assim como todos os demais funcionários da GE, fui convidado a participar. Ou seja, mais uma dessas inúteis reuniões corporativas para perder tempo, certo ? Errado !! Ótima oportunidade para desenvolvimento profissional.

O Jeff lidera uma companhia de 180 bilhões de dólares com presença em mais de 100 países, conversa frequentemente com presidentes dos principais países, lidera mais de 300.000 funcionários, sob várias óticas deve ser uma das 50 pessoas mais poderosas do mundo. Se você acha que não é importante ouvir o que ele fala recomendo refletir profundamente porque ele está lá e você aí.

Estes eventos também apresentam uma oportunidade rara, você pode conversar diretamente com seu CEO sobre o assunto que quiser! O caminho é a sessão de perguntas e respostas, porém isso inclui obrigatoriamente pegar o microfone na frente de 500 pessoas e falar em inglês com o número 1 da companhia ...

As pessoas tem várias objeções a fazer perguntas nestas ocasiões, e as principais são timidez ou achar que é bobagem. É comum ter medo, porém ele pode e deve ser trabalhado, e quanto antes começar melhor. E para quem acha que é bobagem eu discordo, minhas razões são:

1. Seu CEO adora responder perguntas. Ele quer ter contato com o time local em todos os níveis e quer saber as idéias e inquietações das pessoas.

2. A sua liderança local adora que as pessoas façam perguntas. Afinal, quem não quer mostrar que tem uma organização madura e proativa que tem o que falar com o CEO.

3. É um ótimo treinamento prático de como falar em público e lidar com pessoas de alto escalão. Quer goste ou não, quer se sinta confortável ou não, estes dois atributos são importantes para a evolução profissional.

4. Exposição. Mais pessoas vão te conhecer, e novamente, quer goste ou não, isto é importante para a evolução na carreira. Naturalmente não serão estes 2 min de exposição que farão a diferença, é apenas mais uma pequena contribuição para quem te conhece formar um pouco mais de opinião e quem nunca te viu saber que você existe.

5. Você vai aprender com a resposta dele, afinal é uma mini-consultoria gratuita de um grande líder global. E você naturalmente não vai fazer uma pergunta qualquer, só para marcar presença, certo ?

Agora que você se convenceu que é uma boa idéia perguntar para a sua liderança vem a questão: como fazer para começar ? É chegar no meio da apresentação, pensar em qualquer coisa, respirar fundo e ir para o microfone ? Não!! Minhas recomendações:

1. Pense na pergunta pelo menos uma semana antes. Algo que seja relevante, que você realmente queira saber, que inclua algum recado que você quer passar para o CEO. E por favor, sem perguntas sobre balanço entre vida profissional e pessoal, qual a estratégia da companhia ou se o Brasil é prioridade. Esta perguntas são lugar comum e todos sabem as respostas: Não tem vida pessoal para o CEO; a estratégia você encontra em duzentos lugares, inclusive no relatório anual; e é claro que ele vai falar que o Brasil é prioridade mesmo que não seja ...

2. Entenda o estilo do seu CEO. Como ele geralmente age nestes eventos ? Como lida com as perguntas ? Se você nunca viu uma apresentação dele pergunte a outras pessoas.

3. Pense bem como formular sua pergunta, traduza para o inglês, repita várias vezes inclusive em voz alta. Comece sempre se identificando, e não é só falando o nome, diga seu cargo e unidade de negócios de uma maneira que todos entendam.

4. Considere a possibilidade dele responder com outra pergunta. Pode parecer assustador mas é ótimo porque aí fica mais próximo de uma conversa. Tenha uma opinião formada sobre o assunto para poder discutir.

5. Tenha uma pergunta backup. Alguém pode falar a sua primeiro ou pode estar incluída numa resposta dele. E você não vai lá só para marcar presença ou repetir o que todo mundo sabe, certo ?

6. Sente-se nas fileiras da frente. Já que é para falar com ele que seja de perto. Além disso você fica focado só nele e não nas outras 500 pessoas que estão te olhando.

7. A mais importante, que vale também para muita coisa na vida profissional, não fique extremamente preocupado com o que os outros vão pensar. Acredite que qualquer que seja a sua pergunta uns 15% vão adorar, uns 15% vão achar ridículo e os outros 70% não estão nem aí. Isso vale também para as opiniões sobre você após a apresentação, elas vão desde "só quer aparecer, pergunta combinada, que inglês fraco" até "corajoso, boa pergunta, fala inglês fluente" passando por "pergunta ? quem ? onde ?".

Desta vez eu segui estas regras e fiz a pergunta para o Jeff, claro que deu um frio na barriga mas foi uma experiência muito legal. E ainda teve um bônus porque quando a sessão de perguntas e repostas foi aberta ninguém se mexeu por uns 30 segundos, já estava ficando chato e eu acabei levantando e sendo o primeiro, ele então imediatamente mandou uma piada "Brave guy! Give-me your name and I'll get you promoted this afternoon", foi ótimo para quebrar o gelo. Caso esteja curioso a pergunta foi sobre o tema "Integrated ‘One GE’ Strategy in India."

Após a apresentação, conforme esperado pela minha regra do 15/70/15, os amigos parabenizaram, a maioria das pessoas nada falou, e um ou outro insinuou que era pergunta combinada. E ainda fui procurado por um colega de outra unidade interessado numa potencial parceria de negócios. Saldo positivo na minha opinião.

Aproveite o ano novo e inclua na sua lista de promessas fazer uma pergunta para seu CEO na próxima oportunidade. E comece treinando hoje mesmo nas apresentações do diretor da sua área ou do presidente da operação no Brasil. Com o tempo vai ficando mais natural e você nem precisa se preparar tanto antes. Boa conversa com seu CEO !