segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma coisa de cada vez

publicado originalmente no Minha Carreira


Carreira no exterior, altos salários, promoções, qualidade de vida, trabalhar com o que gosta, viagens internacionais e muito mais. As grandes empresas oferecem todas estas possibilidades aos seus colaboradores, mas para usufruir existem algumas condições. Uma delas é entregar bons resultados de forma consistente, o que não é suficiente, é apenas o começo.

Comprometimento com a empresa ajuda bastante e também um pouco de sorte, que sempre tem seu papel. Porém a principal dica é: não dá para ter tudo ao mesmo tempo. O máximo que pode ser feito é se colocar em posição de escolher o que quer e, para tomar a decisão correta, ter bem claro quais são seus objetivos entendendo que, como diz um amigo meu, “life is about trade-offs”.

Suponha que você trabalhe em uma grande empresa com presença mundial e queria muito morar na Austrália. Se você for um bom profissional, mantiver as pessoas chave informadas sobre seu desejo e tiver persistência, vai conseguir. Talvez demore alguns anos, pode ser para um cargo com menos responsabilidade que o atual, com salário igual ou até menor, mas você consegue realizar seu sonho.

Imagine agora outro exemplo. Você é um gerente de vendas muito bom em lidar com pessoas e quer um cargo de diretoria. Quanto antes, melhor. Você então recebe um convite de sua empresa para ser diretor de Recursos Humanos. No Peru. Com um belo pacote de transferência para toda sua família.

Agora, se você quiser ser diretor de vendas na Austrália rapidamente e com aquele belo pacote de transferência, é bem mais difícil.

Estes exemplos, embora hipotéticos, são baseados em diversos casos reais que já presenciei. Eles mostram que se você é um bom profissional e está focado em um objetivo, você chega lá! Mas tenha certeza que está buscando a coisa certa. E lembre-se sempre, não dá para ter tudo ao mesmo tempo.

Imagem por Mudkiiipz

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Opções reais de carreira



Setembro de 2007, São Roque/SP. Estava com meus colegas da Johnson & Johnson passando a semana no Hotel Vila Rossa, assistindo a um interessante treinamento de negociação. A agenda terminava às sete da noite e ainda dava tempo de jogar um pouco de tênis antes do jantar. No caminho de volta para o quarto, após o jogo, recebo um telefonema de uma amiga, que trabalha no RH da GE, falando de uma vaga muito interessante que teria o meu perfil. Pensei: “Estou bem na Johnson, é uma ótima empresa, investe em seus funcionários, será que é hora de mudar para a GE ?”. Quase todo mês acompanho situação similar com algum conhecido meu.

Não vou abordar aqui os critérios de decisão para mudar ou não de emprego, este assunto merece um artigo específico. Além disso, tomei a liberdade de citar o nome das empresas porque ambas são excelentes e não faria sentido fazer comparações.

O que quero chamar a atenção é que em casos como este devemos considerar opções reais de carreira, e não teóricas. Como assim? No meu exemplo pessoal, após refletir um pouco sobre o assunto, percebi que na verdade eu achava que estava bem na Johnson, e no fundo eu tinha apenas um telefonema da GE e não uma proposta, sendo assim a decisão entre ficar e sair era apenas teoria. Resolvi então transformar a teoria em prática, ou usando um termo emprestado do mercado financeiro, “realizar o valor” das minhas opções de carreira. Segui adiante no processo e felizmente descobri que estava certo. De fato acabei recebendo uma proposta da GE, e ao falar na Johnson que gostaria de sair me pediram para ficar. Agora sim eu tinha uma decisão importante, e real, a ser tomada.

Vejo muita gente se desgastando em demasia com dúvidas de carreira, mas muitas vezes são apenas questões teóricas. É importante sim refletir sobre as possibilidades, mas de tempos em tempos temos que dar o próximo passo para manter contato com a realidade.

Um ponto de atenção é tomar cuidado com participação em processos seletivos quando estamos satisfeitos em nossas empresas. Eu sou partidário de que é importante estar sempre atento e disposto a ouvir o mercado, mas só se for uma oportunidade realmente interessante, que exista uma chance real de você se interessar, e essas costumam aparecer no máximo uma vez por ano. Agora, se você não está satisfeito na empresa atual, não está motivado, não se sente reconhecido, não está produzindo e aprendendo, aí pode fazer entrevista toda semana se quiser, nem que seja para descobrir que não está tão mal assim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Como ser 1000 vezes mais eficiente

*publicado originalmente no Minha Carreira

Confesso que exagerei no título para chamar a atenção, não conheço um método mágico que aumenta milagrosamente a eficiência em 1000 vezes. O que abordo no texto são dicas simples de como ser mais produtivo no dia a. Pensei muitas vezes se deveria ou não escrever este artigo, afinal, é tudo muito óbvio. Mas quando observo que 80% das pessoas que conheço, em todos os níveis hierárquicos, não seguem estas dicas, achei que seria relevante.

1. Tenha uma agenda. Pode ser em papel, eletrônica, no notebook, Palm, iPhone, Blackberry, o que seja, o importante é que seja ideal para você. Para que funcione tem que ser um lugar único onde você anota todos os seus compromissos e que você acesse todos os dias. Pela minha experiência, a agenda ideal deve ser eletrônica, portátil e sincronizada com outro dispositivo. Este último ponto significa que você sempre mantém uma cópia do conteúdo em outro lugar, geralmente seu computador ou notebook. Alguns smart phones fazem isso automaticamente, em outros casos a sincronização é manual via cabo, infravermelho ou Bluetooh. Apesar da minha preferência acho perfeitamente possível que alguém possa ter uma boa agenda em papel se for disciplinado.

2. Use sua agenda. Todo compromisso e contato importante deve estar anotado na agenda, por isso ela tem que estar sempre à mão. Se ela for eletrônica e com sincronização como recomendei você nunca perde os dados, só vai acumulando com o tempo. Uma vez que você anota o aniversário de alguém nunca mais vai esquecer de dar os parabéns; ano passado visitei um cliente em Niterói e descobri um bom rádio-taxi para me levar ao Santos Dumont, está anotado para quando precisar de novo; quinta-feira da próxima semana tenho uma reunião importante com minha chefe, já tinha programado um lembrete hoje para que eu comece a me planejar. Notem que em nenhum destes exemplos gastei tempo adicional para me organizar, é apenas uma questão de anotar no lugar certo uma única vez, aí você usa a informação quando e se precisar.

3. Planeje suas atividades antes de executá-las. Já esteve numa reunião improdutiva ? Visitou um cliente e ninguém sabia direito o que falar ? Podemos aumentar enormemente a produtividade em nossas atividades se tomarmos apenas 10 minutos para planejar antes, nada de muito complexo, basta refletir um pouco sobre o assunto. Quem estará presente ? Qual o objetivo ? Qual o papel de cada um ? Olhou o endereço no Google Maps ? Qual o número e código da teleconferência ? Testou o datashow antes ?

4. Defina sempre próximos passos e responsáveis. É muito comum reclamar que participamos de uma monte de reuniões e nada acontece, ou após uma sessão de brainstorm comentar que foram geradas várias boas idéias mas nenhum resultado prático. Sempre ao final de qualquer atividade reserve 10 minutos para resumir o que foi discutido e definir quais são os próximos passos, quem é o responsável e quando. Se o próximo passo for "Discutir em breve com a equipe de finanças da planta" não adianta nada. Tem que ser específico, tipo "O Renato Silva, gerente de custos da planta, apresentará um plano até o dia 15-Junho". Dica importante: pessoas executam tarefas. Quando alguém quer me convencer a deixar um próximo passo a cargo de um departamento ("a equipe de vendas") ou função ("o gerente de marketing de cada linha de produto") eu costumo brincar, "Qual o CPF do responsável ?", se não tiver resposta é porque não está muito claro.

6. Use seu tempo inútil para coisas úteis. Sabe aquelas atividades obrigatórias e chatas que todos temos que fazer ? Elaborar atas de reunião, fazer relatório de despesas, preencher formulários na internet para requisitar férias, responder pesquisas de opinião interna, etc. Você pode optar por simplesmente não fazer ou "deixar para depois". Se fizer isso será cobrado em cima da hora, vai parar tudo que está fazendo para resolver e reclamará que não tem tempo para nada porque vivem te pedindo para executar tarefas burocráticas. Ou você pode fazer isso naqueles momentos inúteis e improdutivos que sempre aparecem, por exemplo, sala de embarque em aeroporto, sala de espera de clientes, atrasos de outras pessoas para uma reunião. Às vezes você simplesmente está num dia ruim e não consegue fazer nada de muito complexo, é um bom momento para resolver estes assuntos operacionais que não exigem muito raciocínio.

7. Última dica. Tudo isso parece muito simples e fácil, mas pouca gente faz. Comece hoje e tenha um diferencial !

terça-feira, 27 de abril de 2010

Desafios ...

*publicado originalmente no Minha Carreira

"Busco uma posição desafiadora ...", "Estou saindo da empresa porque aceitei um desafio em outra companhia ...". Fala-se muito em desafios hoje em dia, mas o termo está banalizado. Segundo o mini dicionário Houaiss, "desafio. (...) 4. tarefa difícil", entretanto, se estamos falando de algo que já sabemos como resolver, só que é complexo ou trabalhoso, não classifico como desafio porque falta um ingrediente chave, o RISCO.


Particularmente, prefiro a versão completa do Houaiss, "desafio. (...) 4. ato de incitar alguém para que faça algo, ger. além de suas possibilidades 5. situação ou grande problema a ser vencido ou superado (...)". Minha interpretação é que desafio se refere a alguma coisa que seja "acima das nossas capacidades provadas até agora, porém temos razão para acreditar que somos capazes de superar, embora exista uma chance real de falharmos".


Desafios têm muito valor no mundo dos negócios. E por que isto é importante? A primeira razão é que enquanto enfrentamos o desafio o ritmo de aprendizado é intenso. Você melhora seu auto-conhecimento descobrindo habilidades que não imaginava e limites que não conhecia. Tudo isso é um prato cheio para o desenvolvimento profissional. A outra razão é que com certeza novos desafios virão, então quanto mais preparado estiver, melhor.


Também é valorizado aquele profissional que falhou num desafio, mas depois deu a volta por cima, aceitou e superou novos desafios. Quem passou por isso sabe reconhecer e respeitar um grande problema, não hesita em pedir ajuda no meio do caminho em vez de tentar manter uma imagem de infalível e dono da verdade.


Mas é realmente necessário ir atrás dos tais desafios? Será que não dá para levar a carreira navegando somente em águas calmas, evitando grandes mudanças e dando cada passo com muita segurança? Até dá, mas desse jeito você não explorará todo seu potencial e vai limitar seu crescimento. Isto não é um problema se estiver alinhado com seus objetivos. O que não pode é querer chegar ao topo levando sempre uma vida fácil e tranquila. Como diz o Evandro Mesquita "Todo mundo quer ir pro céu. Mas ninguém quer morrer."


A medida correta dos riscos a serem assumidos é uma decisão pessoal, mas vale ressaltar dois pontos importantes. Primeiro que não se pode viver o tempo todo enfrentando desafios. Da mesma forma que fazemos ao frequentar uma academia, também em nossa carreira devemos alternar os momentos de stress com intervalos de descanso para assimilarmos a evolução. E o segundo é que antes de aceitar o desafio deve-se analisar friamente se existe chance real de sucesso. Imagine que você tenha uma carreira sólida de 15 anos, dois filhos para criar e uma pequena reserva financeira. Se decidir de uma hora para outra largar tudo e ter seu negócio próprio numa área completamente diferente sem nenhum planejamento ou experiência prévia, isto não é um desafio, é loucura. Para cada milionário sorridente na capa da revista existem dezenas de outros frustrados tentando recuperar a vida que tinham. Encontre o balanço correto entre risco e recompensa de acordo com seus objetivos e momento de vida e boa sorte!


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mudou o chefe, e agora ?


Recentemente fiz umas contas e concluí que desde o início da minha carreira, como estagiário em 1997, até hoje, já tive 19 chefes diferentes. A média é de aproximadamente 1.5 chefes por ano! Podemos até dar um desconto porque várias vezes tive 2 chefes ao mesmo tempo, mas o exemplo é suficiente para demonstrar que mudança de chefe é regra e não exceção!

(Permitam-me abrir um parêntese sem nenhuma relação com o assunto. Eu tenho visto tanta gente de todos os níveis escrever a palavra "exceção" erradamente nos últimos anos, geralmente "excessão", que cheguei a ficar em dúvida sobre a grafia correta da dita cuja. Me tranquilizei após confirmar no dicionário que o correto é "exceção" conforme minhas suspeitas.)

Voltando ao tema da mudança de chefe .... já que é algo tão frequente no mundo dos negócios temos que estar preparados para estas transições, quer estejamos na posição de chefe ou de subordinado. Existem infinitos pontos a serem abordados sobre este assunto, mas pretendo focar apenas em uma ferramenta, que conheci no ano passado, e achei bem poderosa ainda que muito simples. Chama-se "New Manager Assimilation".

Em resumo é uma sessão de 2h, realizada assim que o novo chefe assume, onde a equipe tem a oportunidade de conhecê-lo melhor. Sei que parece bem banal, mas se executada corretamente traz alguns insights bem interessantes.

A sessão é coordenada por alguém de fora da equipe, geralmente o(a) gerente de RH, e se divide em quatro partes.

1. Abertura - O coordenador e o novo chefe explicam o processo, é importante que o líder recém-chegado reforce que está engajado nesta sessão e que espera bastante transparência de todos. Informam que durante a sessão vale a regra "What happens in Vegas, stay in Vegas", ou seja, ninguém deve comentar sobre quem falou o quê após o exercício.

2. Obter - O líder deixa a sala e o coordenador assume. Começa a conversa com a equipe com uma pergunta tranquila, "O que já sabemos sobre o novo chefe ?". Geralmente o grupo menciona informações leves e de domínio público, por exemplo: nasceu no RJ, trabalhou no concorrente no passado, gosta de jogar golfe, etc. A próxima pergunta é "O que não sabemos ?", aí já começa a aparecer uma mistura de questões leves (tem filhos ? é formado em que ?) com algumas mais provocativas (quais seus pontos fracos ? como lida com horário ? ouvi dizer que ele é muito duro com a equipe, etc). O processo vai seguindo, com todos ficando cada vez mais confortáveis em falar, e respondendo a mais 2 questões "O que gostaríamos que ele fizesse ?" e "Que preocupações temos com ele?". Para arrematar todos devem entregar um papel com uma pergunta anônima (apesar de valer a regra de "Vegas", não custa abrir mais esta chance ...)

3. Processar - a equipe faz uma pausa, e o coordenador se encontra a sós com o chefe para repassar as perguntas e discutir como abordar.

4. Transmitir - o novo líder volta para a sala e responde as perguntas da maneira mais transparente possível, aproveitando o momento para criar um diálogo com a nova equipe.

OBS: uma alternativa é fazer os passos 1 e 2 em um dia, e 3 e 4 no dia seguinte para dar mais tempo para reflexão.

De todos os meus 19 chefes só vi este processo acontecer com 2, e fiquei surpreendido com a quantidade de surpresas, positivas ou não, que surgem. E tenho certeza que para os chefes também foi muito enriquecedor porque conseguem de maneira concisa, logo no início em seu novo papel, uma visão abrangente que demoraria para se obter de outra forma. Da próxima vez que eu assumir uma nova equipe farei este exercício com certeza !

segunda-feira, 22 de março de 2010

Com que roupa eu vou ?

Li um artigo interessante no site Minha Carreira sobre como se vestir para trabalhar. Imediatamente lembrei-me de um texto do Max Geringher onde ele falava sobre adaptação a cultura das empresas e que se aplica bem a este ponto. Trata-se se uma recomendação feita há 1.620 por Santo Ambrósio, bispo de Milão, a Santo Agostinho: "Em Roma, faça como os romanos".

Traduzindo para o nosso exemplo significa que você deve entender e SEGUIR as regras de vestimenta da sua empresa, tanto as oficiais quanto as "não escritas". Para isso o caminho é perguntar e observar, e no caso de ter muita disparidade de estilos procure mirar-se nas pessoas que são mais bem sucedidas e bem vistas na empresa.

O início de carreira ou o começo numa empresa não é um bom momento para questionar as regras de convivência. Quando você estiver mais estabelecido e tiver uma oportunidade para tal pode questionar algo caso te incomode muito. E lembre-se que também no caso do vestuário balanço é fundamental. Com certeza é péssimo para sua imagem estar mal vestido e descuidado, porém se a sua empresa adota traje informal e você que é estagiário acha o máximo ir com seu terno Armani, também não pega muito bem.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Você vai ter um chefe mais novo

*publicado também no HSM Update or Die

Li recentemente um artigo publicado no blog da HSM que falava sobre a tendência crescente de de termos líderes mais jovens que suas equipes. Acho que este é um tema bem relevante.

Quando formamos opinião sobre profissionais é comum misturar experiência com anos de trabalho, mas isso depende muito da postura da pessoa. Enquanto uns podem estar no mercado há 5 anos aprendendo e se desenvolvendo, outros aprendem somente durante o primeiro ano e ficam mais 9 fazendo a mesma coisa. Também confunde-se maturidade com anos de idade. Conheço jovens de 22 anos com atitude que geralmente encontramos em pessoas acima de 30. O risco aí é esta mesma pessoa quando chegar aos 30 anos achar que não precisa mais evoluir.

Eu já estive na situação de liderar pessoas mais velhas, e tenho certeza que em algum momento serei liderado por alguém mais novo. Um aprendizado importante é que não se pode ignorar o fato, fingir que é a situação mais normal do mundo e não tem problema nenhum. O chefe mais jovem deve encarar como um desafio adicional lidar com esta questão da idade/experiência, e por outro lado a equipe mais velha tem que dar um voto de confiança. Se houver arrogância em excesso de qualquer lado a relação fica muito prejudicada.

O chefe jovem deve ter a coragem de assumir que não sabe tudo (afinal ninguém sabe ...), pedir ajuda e utilizar a experiência dos mais velhos. Mas também tem que entender muito bem suas qualidades e deixar claro o que tem para contribuir com a equipe. Ninguém gosta do chefe que sabe tudo e faz tudo, mas também não é legal aquele que não sabe nada e não faz nada. Todo mundo tem que agregar valor e mostrar a que veio, inclusive o chefe, e especialmente se a equipe é mais experiente com grande tendência de questionar o jovem líder.